Se Carl Jung estivesse vivo, é provável que ele abordasse o uso dos arquétipos de marca em influenciadores com uma mistura de curiosidade e cautela. Jung era profundamente interessado em como os arquétipos e a Persona ajudavam as pessoas a se adaptar ao mundo social. No entanto, ele também alertava sobre os riscos de identificar-se excessivamente com a Persona ou usar máscaras que ocultam a autenticidade do self. Esse equilíbrio seria essencial em sua análise do fenômeno.
1. O que Jung poderia apoiar?
Jung provavelmente entenderia que o uso consciente de arquétipos pelos influenciadores pode ser uma ferramenta eficaz para conexão e comunicação. Ele poderia considerar legítimo que influenciadores se adaptem ao público, desde que:
- Essa Persona (máscara) não substitua a verdadeira identidade do indivíduo. Por isso em nossa metodologia o ADD vai estudar o público e falar na necessidade instintiva dele, sem perder o senso de si mesmo (self).
- O uso dos arquétipos seja feito para expressar verdades simbólicas ou para facilitar a comunicação, e não apenas manipular.
Ele valorizava a individuação – o processo de integrar todos os aspectos da psique, consciente e inconsciente, para alcançar a totalidade. Portanto, um influenciador que usa os arquétipos para se alinhar com os valores de um cliente (através do Auto Diagnóstico Digital), e ao mesmo tempo permanece fiel ao seu próprio self, estará agindo dentro de um equilíbrio aceitável.
2. O que Jung poderia criticar?
Jung provavelmente seria crítico dos influenciadores hoje em dia que fazem uso superficial ou excessivamente manipulador dos arquétipos, especialmente se:
- O influenciador abandona sua identidade autêntica para vestir a Persona de outro.
- Houver um descompasso entre o self interior do influenciador e a Persona que ele projeta.
- Se o uso da Persona fosse puramente comercial, com o objetivo de manipular emocionalmente o público ou criar uma ilusão de autenticidade.
Essa situação seria problemática porque, segundo Jung:
- A dissociação entre a Persona e o self leva a uma fragmentação psíquica. O indivíduo começa a viver exclusivamente na superfície, desconectando-se de sua essência.
- O indivíduo corre o risco de projetar sua Sombra de maneira inconsciente, causando crises de identidade, ansiedade ou falta de propósito.
3. O prejuízo a longo prazo
Se um influenciador adota constantemente a Persona de seus clientes (arquétipos que não ressoam com ele), os prejuízos podem ser significativos tanto para ele quanto para sua audiência. Esses riscos incluem:
Para o influenciador:
Perda de autenticidade:
- O influenciador pode começar a sentir que está vivendo uma mentira, gerando um vazio emocional ou crises existenciais.
- Isso pode levar a uma desconexão com sua própria essência, dificultando o processo de individuação.
Burnout ou exaustão psicológica:
- O esforço constante de “vestir uma máscara” que não reflete o self pode ser desgastante.
- Essa dissonância entre Persona e self pode causar estresse e esgotamento emocional.
Projeção da Sombra:
- Aspectos reprimidos de sua verdadeira identidade (Sombra) podem emergir de forma disfuncional, como comportamento impulsivo, autossabotagem ou crises públicas.
Para a audiência e os clientes:
Quebra de confiança:
- Se a Persona do influenciador for percebida como falsa, o público pode sentir que foi enganado, prejudicando sua conexão com a audiência e sua credibilidade.
Impacto na conexão emocional:
- O público tende a se conectar com pessoas autênticas. Quando a Persona do influenciador não é genuína, a relação emocional é superficial e tende a não ser duradoura.
Reforço de expectativas irrealistas:
- O influenciador pode contribuir para a disseminação de valores ou ideais que não refletem realidades humanas autênticas, promovendo superficialidade ou consumismo exacerbado.
4. O equilíbrio que Jung defenderia
Jung defenderia que os influenciadores usassem os arquétipos de forma consciente e equilibrada. Ele valorizaria:
- Autenticidade: Usar arquétipos que ressoem genuinamente com o self do influenciador, adaptando-se ao público sem se distanciar de sua essência.
- Consciência do papel: Reconhecer que a Persona é apenas uma parte da identidade, e não a totalidade dela.
- Integração do self: Manter uma conexão contínua com seu verdadeiro self, mesmo ao desempenhar papéis que se alinhem a diferentes audiências ou objetivos.
Conclusão
Jung certamente enfatizaria a necessidade de autenticidade e equilíbrio. Vestir a máscara de um arquétipo que não reflete o self pode trazer benefícios a curto prazo, como conquistar clientes e aumentar a audiência, mas a longo prazo, os custos emocionais, psicológicos e até profissionais tendem a ser elevados. A chave está em integrar a SELF com autenticidade e a Persona de forma consciente, permitindo que ela expresse verdades simbólicas e ressoe com o público sem comprometer a identidade essencial do indivíduo.