Saindo o mínimo de vezes de casa, o mundo vira-se para as tecnologias para enfrentar o distanciamento social e as necessidades do dia a dia: estudar, jogar, trabalhar e abastecer a dispensa agora faz-se muito mais pela internet. Esta nova realidade é um desafio incontornável para as empresas.
Desde ir à escola a ir ao ginásio, passando pelo trabalho, pelas consultas médicas ou pelo “encontro” de fim de semana com os amigos, são muitos os aspetos da vida diária de todos que estão a migrar para o online como consequência do surto mundial de COVID-19. Estes novos hábitos obrigam as empresas a transformarem os seus negócios, adaptando-se a uma nova realidade que, muito provavelmente, irá perdurar para além das contingências da pandemia.
Limitados nas suas deslocações e promovendo o distanciamento social, os cidadãos adotam novos hábitos ou reforçam hábitos já existentes na sua relação com as tecnologias, para as várias vertentes das suas vidas, principalmente ao nível do consumo.
À medida que mais pessoas (e empresas) se ligam à grande rede a partir das suas cozinhas, quartos, salas de estar e escritórios de casa, o tráfego de dados chegou a aumentar mais de 50% em algumas partes do mundo, a 23 de março último.
Por cá, a ANACOM confirma a tendência: tendo por base os mais recentes dados dos três principais operadores de telecomunicações, a entidade reguladora indica um aumento de 47% no tráfego de voz e de 52% no de dados.
Tudo isto se reflete em novos comportamentos de compra e novas formas de consumir. Mais do que a possibilidade de encontrar preços mais baixos ou a comodidade, que caraterizavam normalmente o recurso ao comércio eletrónico, hoje é a necessidade de estar em casa que leva os consumidores à internet para fazerem as suas compras. Procuram essencialmente serviços online que façam entregas ao domicílio.
A aquisição de bens essenciais surge em primeiro lugar, com o recurso aos supermercados e mercearias que prestam os seus serviços através da internet , mas a procura de tecnologia nas categorias ligadas ao Home Office também cresceu, com o relativo ao período de 16 a 23 de março a apontar uma subida elevada das vendas, em especial as impressoras multifuncionais (231%) e os computadores portáteis (62%).
Além das compras online, as medidas de resposta à pandemia COVID-19 também estão a levar a mudanças na forma como os portugueses lidam com o dinheiro e com os pagamentos. Enquanto o recurso à rede Multibanco diminui, por outro lado cresce a utilização de sistemas de transferência eletrónica.
Os novos hábitos para as pessoas, resultam em oportunidades para as empresas que podem não estar a ser devidamente aproveitadas. Em julho do ano passado, dados da Associação da Economia Digital indicavam que 60% das empresas portuguesas não tinham nem site, nem presença nas redes sociais ou sequer apareciam no Google Maps, mostrando o nível de necessidade de digitalização do negócio, principalmente entre as PME.
Inevitavelmente, o surto mundial de COVID-19 vai ter consequências a todos os níveis, mas a tecnologia já provou que pode contribuir para atenuar os seus efeitos. Sejam eles na área da saúde, quando se junta o poder de supercomputadores na investigação por uma vacina; económicos, quando se criam parcerias para ajudar as empresas a, rapidamente, levarem o seu negócio para a internet, a reconverterem-se e a escoarem os seus produtos; ou mesmo sociais, quando se criam plataformas de apoio ao ensino à distância, à partilha de conhecimento, à cooperação e à solidariedade.
Fonte: SapoTek.PT